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11.8.12

Entrevista: Guiberto Genestra (poesia)



Escobar Franelas – Fale um pouco de você.
Guiberto Genestra - Ao contrário do comum, eu leio muito pouco. Eu diria que é uma limitação que venho resolvendo ao longo do meu curso de Ciências Sociais. Quem se propõe a ser sociólogo precisa ler muito, até bula de remédio.
Se eu posso dizer que fui influenciado, o que me influenciou foi minha própria condição solitária, quer dizer, me vi sozinho, disposto a desenvolver um trabalho. É claro que você tem um pouco de Fernando Pessoa e o Manuel Bandeira. São pessoas que tenho como referência. Mas não posso afirmar categoricamente que por eles fui influenciado.
Publicações: eu tive a honra de participar de uma antologia, Confraria dos Poetas. O grupo que iniciou a partir dos meados de 2002 teve um repertório muito grande de poetas que tinham uma característica muito importante, que fazia parte até do nosso manifesto: não eram poetas catedráticos, não eram tecnicistas. Eram poetas livres, poetas soltos, onde tinha o operário, o estudante, o lavrador, o camponês, você tinha uma especialista na área de informática, e que agregava este público e conseguia traduzir através dessa antologia. Tive o prazer de participar e este grupo já está na segunda antologia. Por questões de tempo e produção, resolvi não participar deste primeiro momento. Mas o grupo ta tocando seus projetos.

EF – O que você tem feito? Como está sendo essa parceria com o Zulu?
GG - O Zulu é um desafio porque é também uma indignação. Quando conheci esse caboclo, falei assim pra ele, “rapaz, eu escuto o seu cd, Amor Urbano – que pra mim é um clássico de tudo que já ouvi na minha vida – eu falava pros meus amigos, ´tá vendo esse caboclo aqui?´, ´tá vendo essa música, esse som, essa letra?´, pois é amigo meu”, senta comigo, toma cerveja, vai em casa, come feijoada junto, ou seja, estamos sempre numa parceria.
Dentro desse desafio, encaro o maior deles, primeiro, aí está um pouco de minha característica, de divulgar o trabalho dele. Porque pego carona, e acho que a gente tem feito parceria nesse sentido. Ele consegue a música dele não apenas a um show, um músico que chega lá com voz e violão. Ele consegue trazer Guiberto Genestra, ele consegue trazer Santiago Dias, que ta aqui com a gente. Esse é o foco de nosso projeto, que não é pensado, ele se deu com naturalidade.
Claro, existem aí algumas propostas, inclusive do próprio Zulu de lançar seu cd mais alinhado à bossa nova, o meu livro solo – tenho esse projeto – mas que por enquanto está engavetado. Por conta das atividades de universidade, de trabalho, e isso vem ocupando esse tempo. É uma dedicação que tem que ser feita na hora certa.

EF – O que você achou do projeto Bentevi, a Casa de Farinha?
GG – Em primeiro lugar, mais uma grata surpresa que o Zulu (de Arrebatá, cantor e compositor) me reservou. Desde que o conheci, de lá pra cá a gente tem feito uma parceria entre música e poesias, sempre que a gente tem oportunidade. Há aproximadamente um ano fizemos um show aqui no Mercadão de São Miguel, na Marechal Tito, dois dias inteiros declamando poesia e cantando música pra população da região. Isso foi muito bacana.
Eu não conhecia esse espaço, que me encantou. Pelas, pelo espaço em si, pela qualidade dos artistas que estão se apresentando, pois você vê, um simples poeta que faz da poesia seu instrumento de expressão, de dor, de amizade, de revolta, de esperança, e toda oportunidade de forma tão simples de estar envolvido com gente tão bacana, homenageando, no caso, o companheiro que se foi e também ajudando o Akira neste projeto.*

EF – Deixa eu salvar esse arquivo... (parando a entrevista e gravando na memória do gravador)
GG – Vocês me pegaram de surpresa... (relaxando um pouco)
EF – Mas isso é que é bom, bicho! (dando de ombros)



•    Nota: o projeto "Bentevi, Itaim", no qual Guiberto Ginestra leu alguns poemas de sua autoria, é um conjunto de eventos poéticos-musicais que tem por finalidade arrecadar fundos para o lançamento do livro-cd de poesias do Akira Yamasaki, poeta da melhor qualidade e produtor cultural. O mesmo leva este nome em homenagem ao cantor e compositor Raberuan, falecido recentemente e que gravara pouco tempo antes uma singela canção chamada Bentevi, de autoria do mesmo e de Akira.

Esta entrevista também está em http://www.recantodasletras.com.br/entrevistas/3823201

fotos de Escobar Franelas

Um comentário:

Guiberto disse...

Rapaz, eu tô ficando chique mesmo...Tô até com entrevista publicada na werb. E não para por ai! A honra de ser entrevistado Escobar Franelas foi imensa, sem falar no susto. Muito bem observado pelo entrevistador em seu blog.

É assim que funciona a cultura popular. Sem recursos, sem a grande mídia. Entenderam? É assim que funciona a cultura popular!