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31.10.16

Música para ouvir, para curtir, para viver: "Pisagens"


meu coração, tranqüilo e sereno
vai à janela, à procura do teu
e o teu coração, perene e seguro
pousa e voa, à procura do meu.
se por acaso, estiver só
leve meus olhos, pra passear
e meu coração pra tomar sol.
os meus pés, de tantas pisagens
decerto conhecem, os desfiladeiros
a bruta agonia, de toda paisagem
que vai e que voa
em torno dos olhos

*poema de Escobar Franelas, musicado por Éder Lima e cantado por Ligia Regina:



29.10.16

Caravana Rolidey: roda de conversa sobre poesia na estação de trem de Osasco

Marina Ruivo


Sexta-feira, dia 28,  participei pela primeira vez da Caravana Rolidey, numa roda de debates sobre poesia, dentro da estação Osasco de trem. A trupe de poetas foi uma das convidadas do projeto Livro Livre, que está em sua 11a. edição. O Livro Livre visa a arrecadação e distribuição de livros sem qualquer tipo de cadastro ou burocracia aos usuários de trens nas linhas de SP. São caixotes dispostos estrategicamente em pontos de grande afluência de público, dentro das estações. Segundo Afonso Romero, da CPTM, a ideia é de que novas frentes se abram naturalmente, num processo de ocupação de espaços públicos e distribuição das obras.
A Caravana Rolidey, criada pelo escritor Erre Amaral (MG), tem como meta o deslocamento de escritores de confins para confins, relatando histórias de vida, trocando experiências e falando de processos criativos. Em São Paulo, a organização esmerada teve a assinatura de Marina Ruivo (USP), que criou as condições necessárias para que os encontros em diversas estações (Brás, Luz, Palmeiras-Barra Funda e Osasco), acontecem e dias sequenciados e com um leque de autores e autoras dos mais diversos gêneros literários. No último dia, em Osasco, foi prestado culto à deusa Poesia. Nós, convidados, recitamos, apresentamos nossas obras e falamos de nossas itinerâncias pelos rincões desses brasis.
Ao lado de poetas do naipe de Ana Moraes (SP), Adri Aleixo (MG) e Wélcio de Toledo (DF), e mediados com muita perspicácia e segurança pela educadora Joana Rodrigues (UNIFESP), durante hora e pouco, pudemos expor e trocar ideias com o público em trânsito na estação.
Quem estiver em circulação pelas linhas de trem de São Paulo, procure saber se nas estações onde vai subir ou descer têm caixotes do Livro Livre. E, caso haja interesse, retire (ou doe) o seu exemplar e... boa leitura!

Joana Rodrigues
Caixotes de distribuição de livros sendo "visitados"

Literatura para todos os perfis



Marina Ruivo e Afonso Romero

Texto e fotos: Escobar Franelas

26.10.16

Um textículo: "parêmia drummondiana"


tinha um mundo no meio da vida
tinha uma montanha no meio do mundo
tinha uma pedra no meio da montanha
tinha uma flor no meio da pedra
tinha um pólen no meio da flor
tinha um coração no meio do pólen
tinha uma vida no meio do coração

23.10.16

Resenha - livro "Face Emplumada" (Gláuber Soares)


Temos, em Face Emplumada, uma obra análoga ao cinema de estrada, um road book sob o sol inclemente do sertão. Glauber Soares, o autor desta obra, dá à itinerância de Guto ares e asas de um personagem sui-generis, que dominado por uma força vital que lhe sopra feiticeiramente nos ouvidos a chance de um devir seráfico, deixa tudo para trás, emprego estável e a vidinha amarfanhada na rotina opressiva de São Paulo, para viver uma aventura rútila no meio da caatinga. O que tem nessa tomada de decisão? O que desperta essa vontade de romper os cordões umbilicais da segurança da urbana pela vida selvática no mato? O que leva o garoto quieto e metódico a se embrenhar no mato com uma moto é a ânsia de conhecer Lúcia Maria, uma jovem que vive com o avô num sítio nos arredores de Quixadá, no sertão do Ceará. Uma probabilidade. 
Tudo seria padrão, não fosse o fato do homem ter ficado enfeitiçado pela "galega" apenas por ouvir a descrição de sua beleza contada por um cliente a outro, enquanto os três aguardavam o momento de cortar o cabelo, num dia qualquer, dentro de um salão de cabeleireiro.
Movido pela curiosidade de conhecer essa mulher cuja beleza seduziu o falastrão da cadeira ao lado, Guto inicia nesse momento uma longa viagem interior, que depois irá se tornará em outra, numa marcha alucinada pela poeira e sol nordestinos, que lambuzam sua cara e queimam seu corpo e, acima de tudo, confundem todas as certezas que leva consigo. Nos périplos incertos e movediços, personagens vão surgindo diante de si, oferecendo ao jovem desbravador uma profusão de tipos complexos, como a vida. Mas também aparece cristalina a beleza da amizade desinteressada de caprichos, mesmo nas empreitadas que parecem movidas apenas pela loucura temporã. Seja nos arranjos meta-físico-linguísticos, como com a coruja rasga-mortalha, ou um improvável Ziggy Stardust, que salta do pôster para conferenciar com o anti-herói da trama; ou então nos críveis Sandrinho (que figura! Merecia um livro só pra ele) e seu Galdino, o alone-ego de Guto.
Face Emplumada nos reserva vários substratos de leitura. Um dos, talvez o que mais me chamou a atenção, foi o fato de que, sendo uma história contagiante, aprofunda a ideia de magia que um enredo bem contado provoca na imaginação. Com um ritmo equilibrado, o livro promove em quem se propõe a lê-lo, uma vontade de ir até o fim, sem parar, pelo absoluto domínio que o autor, também ele o proprietário da própria editora, tem da arte da escrita.


Serviço:
Face Emplumada – Glauber Soares

SP, 2015, @link Editora
176 p.

fotos das redes sociais de Gláuber Soares

haiquase (exercicio XXVII)


os corpos de lírios 
parecem deleite 
bebo com os olhos

21.10.16

Um textículo: "o homem de la mancha"


faz muito tempo que perdi o medo da morte
teve muita morte até eu perder esse medo

ambos, medo e morte, dançam um tango trôpego
e um dos pares fatalmente cai
a morte primeiro 
o medo, no mesmo instante

faz muito tempo que desafiei essa sorte
desviei, ludibriei o deus que determina o fim
peguei um atalho
e alguém no meu encalço
quer que eu volte
da morte

tem uma sentença determinando esse lapso
entre o antes de antes
e o pós-depois, onde estamos agora

18.10.16

Um textículo: "cumplicidade"


CUMPLICIDADE

lá está o dia a postos aguardando o deus sol
ele sabe que hoje a imperadora
chove como a vida
ele não tem notícias do sol
mas entende o respeito mútuo
entre as divindades terrenas
e aguarda

só a lua namora os dois
a lua e o arco-íris
Escobar Franelas

13.10.16

Fanzinada: lançamento de Antes de Evanescer em Santo André

Arte de Lico Cardoso

Depois de alguns anos, enfim minha novela Antes de Evanescer ganha um "lançamento oficial" em Santo André. A tarde de autógrafos será durante a Fanzinada, organizada pela incansável Thina Curtis, dentro do simpático espaço Casa da Palavra Mário Quintana, na Praça do Carmo, 171, centro de S. André.
Ah, será a partir das 11h, no meio de muita gente bacana.
E quem levar o livro pra casa, ainda ganhará uma edição especial do fanzine VASTO, da Comunidade do Conto, de Suzano, com textos cuja temática são Literatura Erótica e Identidade Negra.
E, só pra lembrar, aqui há braços para abraços. Sempre! 

10.10.16

Um textículo: "rede social"


Ela escreveu em sua página no Facebook: "Escritora procura editora. Entrego romances com mais de 300 páginas em até um ano. Tenho séries, contos, sci-fi, crônicas, entrevistas e reportagens para pronta entrega. Pró-labore de três salários mínimos ao mês. Contrato a combinar. Currículos em: http:/escobarfranelas.blogspot.com/" 

8.10.16

Um texticulozinho: "make peseudopoético"

Foto http://revistaglamour.globo.com/Beleza/noticia/2015/03/ja-ouviu-falar-em-protese-de-sobrancelha-alo-cara-delevigne.html

face: sobrancelhas
faz-se só brancelhas
sobram centelhas: fase
(da série "haicaos")

3.10.16

haiquase (exercício XXVI)

Foto original em https://www.greenme.com.br/viver/saude-e-bem-estar/3133-mulher-cha-amora-feliz

das frutas que degusto
e gosto
prefiro você, amor a